quinta-feira, 3 de maio de 2018

1043 - Linus Pauling e as vitaminas

Depois de ultrapassar os quarenta anos de idade, em 1941, Linus Carl Pauling descobriu que estava afetado por uma forma grave da doença de Bright, uma enfermidade renal potencialmente mortal, considerada incurável pela medicina da época. Com a ajuda do doutor Thomas Addis, de Stanford, Pauling conseguiu controlar a doença seguindo uma dieta pobre em proteínas e sem sal, algo fora do comum para a época. Addis também receitava a todos os seus pacientes maiores consumos de vitaminas e sais minerais e Pauling não foi uma exceção.
Em finais da década de 1950, Pauling investigou a ação das enzimas sobre as funções cerebrais. Pensava que as doenças mentais poderiam ser causadas, em parte, por disfunções enzimáticas. Quando em 1965 leu "A terapia de niacina em psiquiatria", publicação de Abram Hoffer, deu-se conta de que as vitaminas podiam ter importantes efeitos bioquímicos no organismo, para além dos relacionados com a prevenção de doenças provocadas por deficiência vitamínica. Em 1968, Pauling publicou na revista Science o seu mais importante artigo nesta área: "Psiquiatria ortomolecular [....]", em que inventou a palavra ortomolecular para descrever o conceito de controlo da concentração dos compostos presentes no corpo humano, no sentido de prevenir e tratar doenças. As ideias aí apresentadas constituíram a base da Medicina Ortomolecular, fortemente criticada pelos profissionais da medicina tradicional.
Nos anos seguintes, as investigações de Pauling sobre a vitamina C foram fonte de controvérsias, e alguns consideraram-nas fruto de charlatanismo. Em 1966, Irwin Stone desenvolveu o conceito de cura à base de altas doses de vitamina C. Depois deste desenvolvimento, Pauling começou a tomar vários gramas da vitamina (3 gramas por dia, segundo algumas fontes) para prevenir os resfriados. Entusiasmado com os resultados, interessou-se pela literatura sobre o tema e, em 1970, publicou "Vitamin C and the Common Cold" ("A vitamina C e o resfriado comum"). No ano seguinte, Pauling iniciou uma extensa colaboração com o oncologista britânico Ewan Cameron, trabalhando sobre o uso da vitamina C por via intravenosa ou por via oral em doentes de câncer em fase terminal.
Cameron e Pauling escreveram vários artigos e um livro de divulgação chamado "A vitamina C e o câncer", descrevendo as suas observações. Ainda que os resultados parecessem ser favoráveis, a campanha de publicidade negativa de que foi alvo, minou-lhe a credibilidade e as suas investigações durante muitos anos.
Desde as suas campanhas na luta contra os testes nucleares, na década de 1950, até às suas investigações em Biologia Ortomolecular, Pauling sempre esteve na corda bamba. Em 1985, Pauling ficou sem apoio, tanto financeiro institucional, como dos seus colegas. Não obstante, Pauling colaborou com o médico Abram Hoffer no desenvolvimento de uma dieta que incluía a vitamina C em altas doses, como um tratamento complementar contra o câncer.
A ideia que Pauling promoveu, de elevar as doses de vitamina C de forma prolongada para prevenir várias doenças, sempre foram causa de controvérsia (QuackWatch, Plos, WebMD), não impedindo, no entanto, que estudos posteriores voltassem a abordar o tema.
Em 1973, Linus Pauling fundou, juntamente com dois colegas seus, o Instituto de Medicina Ortomolecular, em Menlo Park. Neste instituto, cujo nome foi alterado, em seguida, para Instituto Linus Pauling de Ciência e Medicina, Pauling continuou a dirigir investigações sobre a vitamina C, mas também manteve o seu interesse em trabalhos de química e física teórica, até à sua morte em 1994. Durante os seus últimos anos de vida, interessou-se particularmente no possível papel que a vitamina C teria na prevenção da arteriosclerose, tendo publicado três artigos sobre o uso da vitamina C e da lisina, usadas para o alívio da angina de peito. Em 1996, dois anos depois da sua morte, o instituto mudou as suas instalações para Corvallis (Oregon), para fazer parte da Universidade Estadual do Oregon. No instituto realizam-se investigações sobre micronutrientes, fitonutrientes e outras maneiras de prevenir e tratar doenças através da dieta humana. WIKIPÉDIA
As vitaminas no Nova Acta
32 - Os bebedores de limão
202 - O orgasmo feminino
479 - Agnotologia
582 - O ácido fólico na gravidez
591 - Rússia, 1977
668 - Gaiolas para bebês
693 - A vitamina C e o zinco na prevenção do resfriado comum

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